A arte que ajuda a curar
João Roberto (nome fictício) aguarda ansiosamente seu momento de entrar em cena. Nas mãos, o suor frio comprova o nervosismo, afinal de contas sua família está ali especialmente para ver sua apresentação. Enquanto aguarda o inicio da peça teatral pergunto o porquê de tanta apreensão. “Ensaie bastante, mas mesmo assim a gente fica meio preocupado em fazer uma boa apresentação” comenta. Pode parecer que estou falando de uma peça teatral qualquer, mas na verdade, trata-se de atores muitos especiais, que são atendidos pelo Centro de Atenção Psicossocial, os populares CAPS, que é um lugar de referência e tratamento para pessoas que sofrem com transtornos mentais, psicoses, neuroses graves e demais quadros, cuja severidade e/ou persistência justifiquem sua permanência num dispositivo de cuidado intensivo, comunitário, personalizado e promotor de vida. Em Joaçaba, o CAPS, é um considerado uma dos mais bem sucedidas estruturas de saúde do município. A comprovação disso acontece principalmente quando o resultado do trabalho sai das salas de atendimento e pode ser comprovado por todos, como a divertida festa junina, que aconteceu nesta semana e que serviu para solidificar uma importante parceria entre a Fundação Municipal de Cultura e Esporte. O objetivo dos CAPS é oferecer atendimento à população de sua área de abrangência, realizando o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários. É um serviço de atendimento de saúde mental criado para ser substitutivo às internações em hospitais psiquiátricos.
Pronto, é chegado o momento, João Roberto pega seu violão e posiciona-se para iniciar a apresentação junto com seus colegas. O que para muitos é algo banal, para o grupo trata-se de uma maneira de superação. “Não é fácil para essas pessoas se exporem. O teatro vem para auxiliar e desmistificar pré-conceitos” avalia Sonia Brollo que é coordenadora do CAPS que recebe o apoio da Fundação, que já cede a mais de um ano um professor de teatro. Com o violão em punho, João toca e sorri, como se comunica-se para sua família, que o assistia atenta, que mais uma barreira havia sido superada. “Aqui está a prova que a arte ajuda a curar” reforça a coordenadora.
O sucesso do trabalho é tamanho, que o superintendente da Fundação Roberto Wesoloski, fez questão de ampliar o apoio, oferecendo ao CAPS ainda um professor de educação física, que irá trabalhar agora a melhoria da saúde dos usuários. “Fizemos um teste e deu muito certo então pensamos em porque não ampliar e assim fizemos. Além de teatro agora aulas de atividades físicas. Isso demonstra, antes de mais nada sintonia entre as esferas do pode público municipal.” Declarou Roberto.
Ao fim da apresentação, José toca mais uma música a aguarda ansioso os aplausos ao lado dos seus amigos. No olhar de cada usuário a satisfação e alegria do reconhecimento. “Pronto, deu tudo certo graças a Deus” comenta ele ao se retirar, em um sinal de que muitos mais que tratamento psicossocial, os usuários precisam de atenção e estrutura para superar os seus problemas.
Obs: As identidades dos usuários do CAPS foram preservadas nesta matéria